Tarifas dos EUA forçam cancelamento de exportação de açaí e geram prejuízo de R$ 480 mil à maior cooperativa do Amapá
Amazonbai, que reúne 151 extrativistas no arquipélago do Bailique, interrompe envio de 1,5 tonelada do produto e busca novos mercados para manter exportações

A maior cooperativa de extrativistas de açaí do Amapá, a Amazonbai, anunciou o cancelamento da exportação de 1,5 tonelada de açaí para os Estados Unidos, o que representa um prejuízo de aproximadamente R$ 480 mil. A decisão foi motivada pelas novas tarifas alfandegárias impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros, que comprometeram a competitividade do açaí amapaense no mercado internacional.
A cooperativa vinha exportando o produto em duas formas: polpa congelada e açaí liofilizado (em pó). A polpa era comercializada a US$ 5 por quilo (cerca de R$ 27,69), enquanto o açaí em pó, com maior valor agregado, era vendido a US$ 60 por quilo (cerca de R$ 332,25). Com as novas tarifas, os custos de entrada e distribuição do produto nos Estados Unidos tornaram-se inviáveis para a cooperativa.
De acordo com o presidente da Amazonbai, Amiraldo Picanço, a exportação de açaí em pó teve início em novembro de 2024, com alta demanda no mercado externo. Desde o início das exportações, em 2023, a cooperativa já havia enviado quatro remessas do produto aos EUA, consolidando-se como uma das principais referências do açaí amazônico no exterior. A próxima remessa, prevista para julho deste ano, foi cancelada por conta das novas barreiras comerciais.
A Amazonbai reúne 151 extrativistas que atuam no arquipélago do Bailique e na região ribeirinha conhecida como "beira Amazonas", áreas onde o cultivo e o extrativismo do açaí são a principal fonte de sustento para centenas de famílias.
Com o cancelamento da remessa, a cooperativa busca agora novos parceiros comerciais em outros países, na tentativa de mitigar as perdas e garantir a continuidade das exportações. “Estamos focados em identificar mercados que valorizem o açaí e que ofereçam condições mais justas para os nossos produtores”, destacou Picanço.
Além dos impactos econômicos, a decisão também levanta um alerta para a vulnerabilidade das cadeias produtivas locais diante de mudanças unilaterais em políticas comerciais de grandes potências. Para os extrativistas do Amapá, o momento é de incerteza, mas também de resiliência e busca por alternativas para manter viva a cadeia produtiva do açaí, símbolo da cultura e da economia amazônica.
Resumo dos dados da exportação cancelada:
Valor total estimado: R$ 480 mil
Quantidade total não exportada: 1,5 tonelada
Preço médio do açaí em pó: US$ 60/kg (R$ 332,25)
Preço médio da polpa congelada: US$ 5/kg (R$ 27,69).
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