🚧 BR-156: 93 anos de lama, abandono e corrupção
Rodovia inacabada expõe o descaso histórico com o Amapá e revela esquema milionário de fraudes em obras públicas

A BR-156, rodovia federal projetada para ligar o sul ao extremo norte do Amapá, é hoje um dos maiores símbolos da ineficiência pública e do abandono institucional no Brasil. Iniciada em 1932, a obra segue inacabada há 93 anos, com apenas o trecho entre Macapá e Calçoene pavimentado, o restante é poeira no verão, lama no inverno e dor o ano inteiro.
Com 823 quilômetros de extensão, a estrada é um desafio constante para motoristas que dependem dela, principalmente durante o inverno amazônico. A precariedade da BR-156 encarece o transporte de produtos agrícolas, limita o abastecimento de mercadorias e trava o desenvolvimento regional.
A situação da rodovia afeta diretamente a vida dos amapaenses, sobretudo das comunidades mais isoladas. A falta de infraestrutura compromete o acesso à saúde, à educação e ao turismo, além de expor famílias ao risco em situações de emergência. O sentimento de exclusão e abandono só aumenta diante de uma obra que, há quase um século, permanece inconclusa.
Em 2024, o cenário se agravou com a revelação de um novo escândalo: a Operação Route 156, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), expôs um esquema de fraudes em licitações e desvio de R$ 60 milhões em contratos da rodovia. Empresários e servidores do DNIT no Amapá estão entre os investigados, aprofundando ainda mais a crise de credibilidade nas instituições responsáveis pela obra.
A BR-156 é mais do que uma estrada inacabada, ela representa promessas não cumpridas, corrupção sistêmica e a falta de continuidade administrativa. Enquanto outras regiões do Brasil discutem tecnologias de mobilidade urbana, o Amapá segue à espera de uma estrada básica, que deveria ter sido concluída há décadas.
Concluir a BR-156 não é mais uma proposta de campanha: é uma dívida histórica do Brasil com o povo do Amapá. A transformação desse símbolo de fracasso em um exemplo de compromisso e respeito só será possível com vontade política real, fiscalização rigorosa e ação imediata.
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